Em Barajas, Aeroporto de Madri, entrei na pequena jaula que é a zona de fumadores. Pedi um isqueiro a uma tia e fui para um canto da sala, como um animalzinho com seu brinquedo.
Logo em seguida, entra um menino da minha idade, cabelo desgrenhado liso, barba por fazer e bermuda xadrez. Acendeu seu cigarro e foi para o lado oposto ao meu, parando de frente para mim. O observei um pouco, já que era a única pessoa que eu poderia ter alguma cumplicidade ali dentro, por compartir aparentemente os mesmos anos de vida.
Um senhor adentra o recinto. Pele maltratada, olheiras profundas e dentes amarelados. Sabe aquela gente que tem a boca enrugada? Issaí. Acompanho os movimentos do meu "amigo": ele olha o velho com nojo, olha para o cigarro, passeia as pupilas por pontos desfocados, volta ao tabaco em suas mãos, fuma. Instantes depois, vê o senhor e o asco volta à sua face.
Eu acompanhava suas ações, imaginando exatamente o que ele pensava: "Que velho nojento... Acho que é pelo cigarro... Hum... Talvez seja melhor eu parar de fumar... Ahn... Enquanto isso, tchô dar um traguinho aqui..."
Ele soltava a fumaça e olhava o homem, de novo, com aflição. Eu abria um sorriso largo e divertido.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
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Um comentário:
Hum, que divagações mais roteirísticas, Chico! Gostei.
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