terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

foto.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

são paulo.


arte: francisco bianchi

que saudades!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ensaio.

Ola, Pablo.

Assisti a "Ensaio Sobre A Cegueira" ontem. Depois de ler o livro, tive que baixar o filme, versao DVDrip, atitude que possa parecer antietica, porem estou na França e o meio mais facil de nao deixar de ver é esse.

Falei isso, porque baixei a legenda tambem e curiosamente era uma editada para a versao do cinema, com a traducao da narracao feita pelo personagem do Danny Glover. Coisa que achei esquisita, ja que, nao havia ninguem falando. Acho que o Meirelles ouviu sua voz. E realmente concordo, achei sem sentido nenhum aquelas duas narracoes, mesmo na minha versao de DVD, aparecerem.

Sempre que vejo um filme, corro pra ver sua critica, e concordo contigo nesse filme. So discordo que achei o ritmo um pouco lento (mesmo eu tendo muita vontade de ver, depois de ler o livro) e infelizmente ha alguma coisa que falta na aflicao e na cegueira passadas pelo original de Saramago.

Apesar de, para mim, ser a maior das artes, o cinema nao consegue superar a leitura de um bom texto.

Abraço,
Francisco Bianchi

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

mau.

Eu falei que aprendi a respeitar melhor as outras pessoas. Mas parece que meu mau humor nao. Quando estou nesse estado, é como se fosse esquizofrenia: nada de bancar o bonzinho.

Pedi dez tiquetes de metrô na bilheteria, cada um custa 1,60, os dez juntos têm desconto, fica 11,40. Dei duas notas de 10 e a mulher me deu um troco de 9,10. Faça as contas… quem falou que eu devolvi? Se fosse outro dia, nem ia me aproveitar.

Ontem, cozinhei um macarrao pra trazer pro trabalho, coloquei num tupperware e trouxe. Nao tem microondas aqui, entao, comi frio mesmo. Estava asqueroso e vomitante. Joguei metade fora, sem pensar nas crianças famintas morrendo.

Terminei meus trabalhos aqui, ninguem me passou mais. Eu nao vou sair perguntando se alguem précisa de algo. Eles que venham me pedir. Quanto menos coisas para fazer melhor e nao estou afim hoje de ser o funcionario interessado e prestativo.

So espero que todo mundo tenha aprendido com minha declaraçao sobre o respeito e me respeite quando minha outra faceta se apoderou de mim.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

escritorio.

Estou trabalhando numa agência de comunicaçao de esportes équestres, em Paris. Apesar de ser uma carga horaria fora da lei (ja que a legislaçao francesa diz que todo trabalho tem que ter 35 horas semanais), trabalhando das 9 as 19 (nove horas por dia), é um ambiente légal. Pelo menos tentam me ensinar essa lingua dificil, posso ficar no GTalk e MSN e claro, escrever no blog.

Aqui temos um cara que acabou de sair da adolescencia, deve ter seus 20 anos e se acha meio engraçado e responsavel, coisa que nem é. Na real, é meio chato.

Ha um cara que me lembra o Jean-Pierre Léaud, ator fetiche do diretor François Truffaut, com uns 30 anos.

Tem uma francesinha do interior, toda caretinha, de cabelos longos e loiros. E do lado dela senta a diretora de redaçao que é toda meio moderninha. Contraste.

O chefe fica num mesanino, e isso deve fazer ele se sentir melhor que os outros, so porque ele tem uma empresa tendo a mesma idade que seus funcionarios. Ele é meio prepotente, mas pelo menos fala ingles e espanhol.

Entre outros, eu fico aqui, ouvindo frances todos os dias ao meu redor, esperando que a policia invada dizendo : « Vamo parando com essa putaria… cês nao estao no Brasil… trabalho aqui so 7 horas por dia ! »

domingo, 8 de fevereiro de 2009

respeito.

Uma vez, eu escrevi um texto dizendo que eu, como ser humano, mudei depois de morar na Europa. Não digo para bem ou para o mal, ou com um ar de prepotência, mas meu respeito pelo outro se modificou.

O filme "A Troca" ("Changeling", no original) não fala só sobre a luta de uma mãe, interpretada corretamente por Angelina Jolie, em encontrar seu filho. Ele mostra o quanto o homem pode ser falho, pode ser intolerante, pode não respeitar o próximo à favor de seus benefícios.

E o fato de eu ter me transformado, no que considero ser um jovem mais consciente do "cada um no seu cada um" (como minha mãe sempre diz), me fez sentir nojo nos personagens retratados no filme de Clint Eastwood. Diretor que me supreende, já que sempre o julguei conservador, fazendo películas não só sobre patriotismo ou "american way of life" ou westerns, quando se mostra sensível ao guiar suas musas e compor uma trilha sonora que sussurra aos seus protagonistas a tristeza e, ao mesmo tempo, esperança.

Eu tenho esperança. Espero que um dia todos aqueles meninos que me chamavam de "viado" no colégio percebam um grande trauma que eles me provocaram, e transmitem a seus filhos uma educação diferente. Espero que todas aquelas pessoas que sujavam as ruas com os flyers que eu lhes dava em Madri, notem, em uma próxima vez, a lixeira que fica dois passos à frente. Espero que eu possa voltar pro Brasil e seja um pouquinho melhor de quando eu o deixei.

Se um dia eu tiver um filho, algo que está nos meus planos futuros, a única coisa que eu vou ensinar, decida ele ser jogador de futebol, físico ou artista plástico, é ter respeito.

Respeito.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

histórias.

Tô com uma mania nova: sempre que eu vou ali fora, na porta do prédio onde fica a revista que eu estou trabalhando, na Avenue Gambetta, tomar um ar, eu fico vendo esses parisinos caminhando pela rua e imaginando o que cada um está indo fazer e/ou pensando... e é divertido.

Se passa um velhinho caminhando devagar, com uma sacolinha na m
ão e a cabeça baixa, me vem à mente ele indo comprar laranjas no mercado que fica ali em cima, triste porque teve que sair de casa e comprar a fruta para ter Vitamina C no seu corpinho falho evitando uma gripe nesse frio. Será que foi isso mesmo?

Uma mulher com suas rugas passou por mim, com roupas um pouco hippies, mas ajustadas para o urbano, usava um
óculos vermelho e imaginei ela indo para casa, a sala cheia de plantas, sentada na cadeira diante de uma mesa, escrevendo em um caderno e de repente, seu gato Pierre pula em seu colo e pede carinho, ela se inspira com o gesto do animal e continua a se expressar no papel...

Ou um senhor de uns 45-50 anos, que passou na outra calçada, todo empertigado, com ar triufante e bem vestido, seu grande casaco, caminhando com ar sério, mas escondendo por tr
ás do olhar uma felicidade de ter acabado de transar com sua amante durante seu horário de trabalho e indo buscar seus pertences no escritório, para logo ter um jantar convencional e silencioso com sua esposa em algum restaurante qualquer. Ficarei com essa dúvida.

A única coisa que me irrita é não saber como as hist
órias terminam. Mas tudo bem, o que interessa mesmo é exercitar a imaginação.