quarta-feira, 29 de outubro de 2008

tocadores.

Uma das coisas que mais há na Europa, além de gente com cabelo esquisito, é esse povo que faz qualquer coisa na rua pra que atirem moedas. Tem cada tipo. Desde estátuas vivas, até gente sem os dois braços e sacudindo um copo com moedas, e músicos.

Por exemplo, meus pais estavam aqui, estávamos passando pela Ópera, na frente do Palácio Real e indo pra casa. Nos deparamos com um cara tocando um violão espanhol e uma mina ao lado dele tocando um violino. Era tão bonito que o estojo do instrumento à frente deles estava lotado de dinheiro. Muita gente parava e ficava só sentindo a música.

Mas aí, nessa multidão que faz isso para viver, você se depara com um velho, no metrô Alonso Martinez, com cara enrugada e esquisita, tocando muito mal, entre dois lances de escada rolante, um violino tão desafinado que quase estoura os tímpanos.

Sérião, a sorte desse cara é que eu sempre tô com fone de ouvido, senão, certeza que eu pegava as cordas e o enforcava e afinava pro coitado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

culpa moderna.


Dessa vez, não vou fazer um faixa-a-faixa, vou só comentar.
Um tempo atrás, tinha um cartaz pela cidade dizendo que o Beck vinha fazer show aqui em Madri. Não fui e jurei que não ia escutar o cd, pelo fato de, se eu conhecesse o disco depois e gostasse, ia ficar puto do cara já ter vindo tocar aqui.
Deixando o juramento de lado, na minha nova saga de revolucionar, adicionar coisas novas e resgatar antigas ao meu gosto musical (afinal, esse ano foi de "La Casa Azul", "The Last Shadow Puppets" e Madonna), resolvi escutar o "Modern Guilt" do cantor.
Em algumas escutadas, gostei muito. Ele tem um estilo artístico que eu me identifico e isso se reflete até na capa de seus discos, que eu gosto.
O último album que eu escutei dele, foi o "Sea Change" de 2002. Super melancólico (lembra de "Lost Cause"?). Mas neste, desse ano, ele está um pouco mais animado, o que se percebe em faixas como "Gamma Ray" (que tem clipe), provavelmente, a melhor do disco.
Recomendo. Ou, para quem já conhece e gosta, deixe um comentário!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ponto de vista.

(VALE A PENA LER DE NOVO, diretamente do meu antigo blog: Mil Acasos)



ELA DESAPARECEU.

Priscila Figueiredo tinha cabelo chanel totalmente tinturizado pra chegar no tom preto azulado. Possuía de forma magistral um piercing em forma de ferradura entre as duas narinas. A tatuagem, feita quando tinha apenas quinze anos, era ainda de cores tão vivas que reluzia a Betty Boop tomando quase o braço inteiro. Com uma blusinha simples, porém listrada e uma saia preta de vinil, a menina descia a rua Augusta fumando seu cigarro quase já no filtro.

Priscila Fiqueiredo gostava de ser apresentada de forma que a enaltecesse.

Priscila Figueiredo tinha cabelo tão pixaim que repetidas vezes encontrou um inseto morto, desde então alisava antes de sair. O piercing, que auto fez em seu nariz com uma agulha de costura, mostrava o tamanho da inflamação cheia de pus. A pin-up tatuada em um de seus membros começava a desbotar e por isso, a menina retocava o desenho todos os dias com caneta esferográfica. Ela não usava uma blusinha, esse diminutivo não cabe aqui, o mais correto seria dizer que usava uma blusona, pois a gordura acumulada na barriga, aumentava com o efeito que as listras faziam no tamanho de sua pança.

Priscila Figueiredo também gostava de total sinceridade.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

o escritório.

Quando não é começo do ano (como agora), sinto abstinência de uma droga. Mas ela, de um certo modo, não faz mal assim. Só me priva do resto do mundo por 45 minutos a cada semana. Ela se chama "Lost". E entre Janeiro e Maio dos próximos dois anos (quinta e sexta temporadas), não ouse falar comigo quando eu estiver assistindo um capítulo.

Falei da série da ilha, porque procurava alguma outra pra satisfazer esse vício (já que "Prison Break" ficou muito chata e sem pé nem cabeça). Queria uma que suprisse bem o que Jack e cia. me provocava. E encontrei. Se chama "The Office".

Apesar de não ter nada a ver com "Lost", a série de escritório é viciante. Comédia politicamente incorreta, a turma de Michael Scott é incrível. E mesmo sem nunca ter trabalhado em uma jurisdição, você se identifica com todas as situações ali apresentadas.

Recomendo "The Office".

Um post sem inspiração, meio que só para registrar meu carinho pela série.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

madrilenhos.

Outro dia, enquanto meus pais estavam em Madri, nós passaeávamos em direção a Gran Via. Da rua Princesa, paramos no sinal de pedestres, que estava fechado, para atravessar até Plaza de España.

Em cima da faixa, havia um carro com dois caras, deixando duas meninas na rua. Um dos dois que permaneciam dentro do veículo, espanhol, grita para elas: "Até logo, cuidado com os madrilenhos, hein!"

Eis que, do nada, o velho, claramente nascido nessa cidade, que ao meu lado escutava tudo, começou a xingar e amaldiçoar o pobre rapaz, gritando: "Que porra é essa? Cuidados com os madrilenhos? Vai a merda, filho da puta". E ficou reclamando sozinho até o momento que me distanciei dele.

O menino o olhou com cara de quem-é-você? e partiu com o carro.

Está provado, cuidado com os madrilenhos!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

la nariz.

Só pra constar e dar a resposta da enquete.

"No te gusto" em espanhol é "você não gosta de mim". Pode? Mó estranho, já que "no me gustas" é "eu não gosto de você". Para nós, falantes de português, soa exatamente o contrário.

Mas também, pensar que esses espanhóis chamam O "nariz" no feminino.

Parabéns pra quem acertou!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

botelhão.

Ontem, fui beber uma cerveja com duas amigas, Fernanda e Laila, cariocas super da gema. Vieram estudar Direito na Autônoma de Madri. Fomos ao Reina Sofia, em frente ao museu, fizemos um botellón. Já era 10 da noite e começamos a conversar sobre ''se fosse no Brasil, já teríamos sido assaltados'', aquele papo que surge quando você está sob o escuro do céu, em um lugar ermo e tal, sabe?

Enfim, esse é um dos motivos que me faz não querer voltar pra minha terrinha. Quando eu tava saindo de São Paulo, o que eu mais esperava era poder andar pela rua, a hora que fosse, sem medo de ser morto a tiros ou roubado a facadas. E eu realmente amo poder beber uma com amigos numa praça, ao relento.

Tudo isso, posto em assunto ontem, com as meninas do Rio, nos mostra como esse pequeno país ibérico é muito mais desenvolvido que o nosso tropical. E mais um exemplo disso é que, nesse exato momento, eu estou em um curso de Desenho de Internet, de 300 horas, de graça. Quer dizer, quando, na nossa querida nação, tem cursos bons para desempregados e sem ter que pagar nada?

A coisa é que claramente, viver na Europa, no quesito qualidade de vida, é muito melhor. O único problema é: que faço eu com a saudade e a distância da minha querida família?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

tchau.

Há uma hora atrás, eu falei pra minha mãe que eu quero voltar pro Brasil. Não, não será agora. Porém, há um único motivo especial que me faz querer regressar: eu odeio despedidas!

Quando se mora fora do país, mais especialmente em um da Europa, sem previsao de retorno, você diz adeus a muitas pessoas. Uma grande quantidade passa por sua vida, você, com algumas, cria uma relação boa e logo, elas se vão. Tudo bem que logo vêm outras, porém falar tchau para aquelas outras é muito doloroso.

Você pode me dizer que o reencontro é melhor ainda, mas o momento de abraçar, beijar e dizer "até logo" é o que mais fica guardado.

Uma semana atrás, meus pais chegaram aqui para me visitar. Vinham de Milão, Itália e, nesse exato minuto, estão no metrô de Madri em direção ao aeroporto para pegar um vôo para Roma. Eu acabei de me despedir deles, vi o metrô fechando as portas e começando a pegar velocidade e sumir no túnel escuro. Essa provavelmente foi a despedida mais dolorosa. Se despedir do meu pai e da minha mãe, que tanto estão no meu coração. Vê-los chorar. Eu sei que está tudo bem, que nada de ruim aconteceu, mas fica uma dorzinha no peito de saber que eles não estarão mais aqui (em Madri), dormindo no colchão embaixo da minha cama (que fica no alto).

Obrigado por essa semana maravilhosa. Porém, eu jogo uma maldição em quem inventou essa bosta chamada "despedida".

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

amigos.

Tem sempre aquela coisa, quando se vive no exterior, de comparar culturas. Claro, nesse caso, a brasileira e a espanhola. E aí, nesse ról de assuntos, temas e conversas, entre a língua. E como são dois idiomas muito parecidos, muitas vezes eu digo uma palavra que aqui tem um significado completamente diferente. São os falsos cognatos.

Por exemplo: "classe", em português, é "aula", em espanhol. E "aula", em português, é "clase", em espanhol. Ou então "palco" que aqui é "camarote".

Muitas vezes, gera risadas. Mas outras gera embaraços. E mais outras, você se confunde achando que uma coisa quer dizer outra e na verdade é a mesma. Deu pra entender?

É por isso que agora tem uma enquete aqui no blog, aí na barra lateral. "No te gusto" é "eu nao gosto de você" ou "você nao gosta de mim"? E "no me gustas"? É um ou o outro?

domingo, 5 de outubro de 2008

frentonna.

Ontem, conheci uma menina, amiga de uma amiga, que vai ao show da Madonna em São Paulo com credencial. Fiquei com mini invejinha, já que ela pode ir em qualquer dos 5 concertos que a véia faz no Brasil e ainda chegar a hora que quiser e possívelmente ver do ponto que quiser.

Guardado isso no subconsciente, sonhei que eu ia no espetáculo da diva em São Paulo, com essa mina e via tudo lá na frentona. Olhava pra trás, todas as tietes gritando e a gente ali, pertinho, teve uma hora que a assistente da Madonna virou pra mim e mandou eu ir pra trás, porque eu tava até invadindo o palco. Chegamos ao show meio atrasados, já estava na última música do penúltimo bloco... mas ok, ela ia chegar e arrasar no derradeiro com "4 Minutes", "Like A Prayer" e "Give It 2 Me". E pra completar, eu ficava puto que o Justin tinha ido ao Brasil fazer participação.

Acabou, aquela coisa, acordei, sonho, ok. Sonho. Mas quem sabe um dia?