sexta-feira, 28 de novembro de 2008

consciência.

Hoje foi mais um dia de meu trabalho de entregar flyers por aí. Mais um dia de "holas" ignorados, mais um dia de caras feias e mais um dia de sorrisos desperdiçados. Mas tudo bem.

Hoje foi um dia que eu descobri uma coisa. Enquanto estava ali, parado numa rua movimentada, dando publicidade às pessoas, vi um cara do outro lado da rua, jogar no chão um panfleto que tinham dado pra ele, e continuar andando. Atravessei a rua, peguei o papel e joguei no lixo. Depois, subi a mesma calçada e vi muitos das propagandas que eu estava oferecendo à gente que passava, no chão, recolhi todos e foram para a lixeira. Logo, percebi que ignorar uma pessoa é uma coisa muito feia que outra pode fazer e nunca mais faço isso, desde então converso com todo mundo que está trabalhando na rua e no frio, claro, quando posso.

Hoje foi o dia da minha descoberta, que é: depois desse tempo na Europa, sou um ser humano mais consciente do outro, de respeitar mais um igual e de que um gesto como pegar uma merda no solo e jogar onde ela deve ser atirada, muda tudo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

alice.

Carta aberta:

"Querida Andreia Horta,

Tenho muitas saudades de São Paulo. Há um ano e quase dois meses saí daí para estudar na Espanha e aqui estou. Não venho por meio dessa expressar toda a história até aqui, pulo essa parte.

Essa semana, caíram em minhas mãos os episódios de Alice, onde, claro, você faz a protagonista. E aqui, te parabenizo pela intensidade, força e expressão que você entrega à essa personagem. Alice é minha amiga, Alice é minha conhecida, eu já a vi por aí, nas ruas dessa cidade tão querida. E não é só porque conversei com você, além de tudo sobre o Teatro Oficina e o Fransérgio Araújo, em um teste que fizemos ali na Vila Madalena, para o Guaraná Antárctica, mas porque ela é querida, passa por problemas reais e claro, mora na capital paulista.

Assistir a essa série, me faz querer chorar. E não é ruim. Quero soltar lágrimas de felicidade, de saudade, de memórias que estão impressas naquelas ruas, por onde você gravou cenas, naqueles bares e discotecas, onde eu já fui e naquelas pessoas, que não estão em outro lugar. Me bate uma dor no coração de não estar ali, na Avenida Paulista agora, sentado no vão do MASP, assistindo seus carros, ônibus e Alices passarem.

Ao contrário do que muita gente pensa, eu acho São Paulo linda. Tem uma beleza cinza com faróis amarelos e vermelhos, e uma chuvinha de leve. E ela fica ainda mais bonita com a bela Andreia "Alice" Horta atuando nela.

Um beijo,
Chico."

domingo, 23 de novembro de 2008

exposição.

Exibindo meu lado nerd e também pelos velhos e bons tempos, hoje fui à exposição oficial de Star Wars. Com objetos, figurinos, modelos, desenhos... tudo original.

A entrada custava 10 euros, mas por sorte ou porque estou em um país que funciona, não paguei nada, já que para desempregados, o ingresso era grátis. Entrei.

Era como se estivesse entrando em um monte de sonhos. De nostalgia. De planetas. De seres loucos. De guerra entre galáxias. Uma mostra muito bem montada, com informativos, textos explicando toda a saga e manequins em tamanho real vestidos com as roupas que só vemos pela tela, agora ali, bem na frente.

Star Wars me fascina. É ao mesmo tempo fácil e difícil explicar porquê. Tem uma magia, uma vontade de ser Jedi e Sith ao mesmo tempo. De poder imaginar outros mundos, conhecer outros seres. Gostaria de poder ver todos os episódios como se estivesse vendo pela primeira vez.

Falei de planetas no outro post, e fiquei com vontade de morar em Utapau (foto do canto inferior esquerdo).

Que a Força esteja com você!

direitos.

Já é um assunto que passou, mas eu precisava expressar minha concordância com o Keith Olbermann, apresentador da MSNBC (e com o Pablo Villaça). É incrível isso das pessoas votarem contra por algo que não vai afetar nada, absolutamente NADA, na vida delas.



"Alguns esclarecimentos, como prefácio: não é uma questão de gritaria ou política ou mesmo sobre a Proposta 8. Eu não tenho nenhum interesse pessoal envolvido, não sou gay e tive que me esforçar para me lembrar de um membro de minha imensa família que é homossexual. (...) E, apesar disso, essa votação para mim é horrível. Horrível. (…) Porque esta é uma questão que gira em torno do coração humano – e se isto soa cafona, que seja.

Se você votou a favor da Proposta 8 ou apóia aqueles que votaram ou o sentimento que eles expressaram, tenho algumas perguntas a fazer, porque, honestamente, não entendo. Por que isso importa para você? O que tem a ver com você? Numa época de volubilidade e de relações que duram apenas uma noite, estas pessoas queriam a mesma oportunidade de estabilidade e felicidade que é uma opção sua. Elas não querem tirar a sua oportunidade. Não querem tirar nada de você. Elas querem o que você quer: uma chance de serem um pouco menos sozinhas neste mundo.

Só que agora você está dizendo para elas: “Não!”. “Vocês não podem viver isto desta forma. Talvez possam ter algo similar – se se comportarem. Se não causarem muitos problemas.” Você se dispõe até mesmo a dar a elas os mesmos direitos legais – mesmo que, ao mesmo tempo, esteja tirando delas o direito legal que tinham (o do casamento civil). Um mundo em volta deste conceito, ainda ancorado no amor e no matrimônio, e você está dizendo para elas: “Não, vocês não podem se casar!”. E se alguém aprovasse uma Lei dizendo que você não pode se casar?

Eu continuo a ouvir a expressão “redefinindo o casamento”. Se este país não tivesse redefinido o casamento, negros não poderiam se casar com brancos. Dezesseis Estados tinham leis que proibiam o casamento inter-racial em 1967. 1967! Os pais do novo Presidente dos Estados Unidos não poderiam ter se casado em quase um terço dos Estados do país que seu filho viria a governar. Ainda pior: se este país não houvesse “redefinido” o casamento, alguns negros não poderiam ter se casado com outros negros. (...) Casamentos não eram legalmente reconhecidos se os noivos fossem escravos. Como escravos eram uma propriedade, não podiam ser marido e mulher ou mãe e filho. Seus votos matrimoniais eram diferenciados: nada de “Até que a morte os separe”, mas sim “Até que a morte ou a distância os separe”.

O casamento entre negros não era legalmente reconhecido assim como os casamentos entre gays (...) hoje não são legalmente reconhecidos.

E incontáveis são, em nossa História, os homens e mulheres forçados pela sociedade a se casarem com alguém do sexo oposto em matrimônios armados ou de conveniência ou de puro desconhecimento; séculos de homens e mulheres que viveram suas vidas envergonhados e infelizes e que, através da mentira para os outros ou para si mesmos, arruinaram inúmeras outras vidas de esposas, maridos e filhos – apenas porque nós dissemos que um homem não pode se casar com outro homem ou que uma mulher não pode se casar com outra mulher. A santidade do matrimônio.

Quantos casamentos como estes aconteceram e como eles podem aumentar a “santidade” do matrimônio em vez de torná-lo insignificante?

E em que isso interessa a você? Ninguém está te pedindo para abraçar a expressão de amor destas pessoas. Mas será que você, como ser humano, não teria que abraçar aquele amor? O mundo já é hostil demais. Ele se coloca contra o amor, contra a esperança e contra aquelas poucas e preciosas emoções que nos fazem seguir adiante. Seu casamento só tem 50% de chance de durar, não importando como você se sente ou o tanto que você batalhará por ele. E, ainda assim, aqui estão estas pessoas tomadas pela alegria diante da possibilidade destes 50%. (...) Com tanto ódio no mundo, com tantas disputas sem sentido e pessoas atiradas umas contra as outras por motivos banais, isto é o que sua religião te manda fazer? Com sua experiência de vida neste mundo cheio de tristeza, isto é o que sua consciência te manda fazer? Com seu conhecimento de que a vida, com vigor interminável, parece desequilibrar o campo de batalha em que todos vivemos em prol da infelicidade e do ódio... é isto que seu coração te manda fazer?

Você quer santificar o casamento? Quer honrar seu Deus e o Amor universal que você acredita que Ele representa? Então dissemine a felicidade – este minúsculo e simbólico grão de felicidade. Divida-o com todos que o buscam. Cite qualquer frase dita por seu líder religioso ou por seu evangelho de escolha que te comande a ficar contra isso. E então me diga como você pode aceitar esta frase e também outra que diz apenas: “Trate os outros como gostaria de ser tratado”.

O seu país – e talvez seu Criador – pede que você assuma uma posição neste momento. Um pedido para que se posicione não numa questão política, religiosa ou mesmo de hetero ou homossexualidade, mas sim numa questão de Amor. (...) Você não tem que ajudar ou aplaudir ou lutar por ela. Apenas não a destrua. Não a apague. Porque mesmo que, num primeiro momento, isto pareça interessar apenas a duas pessoas que você não conhece, não entende e talvez não queira nem conhecer, é, na realidade, uma demonstração de seu amor por seus semelhantes. Porque este é o único mundo que temos. E as demais pessoas também contam."

Tradução: Pablo Villaça.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

palavras.

Eu estava adiando esse texto, por preguiça mesmo ou pelo simples fato de esperar acumular mais, pra poder reportar aqui. Mas é que cada vez que eu vejo, aparece cada coisa bizarra, que quero dividir.

Este blog está registrado no Google Analytics, essa ferramenta serve para muitas coisas, além de mostrar informações sobre os visitantes, mostra as palavras-chave que essas pessoas procuraram no buscador e que resultaram em encontrar este sítio.

E, como muitos, vou mostrar algumas, que vai do bizarro ao curioso.

"casa xexual" - o que uma pessoa quer com isso?
"cantores brasileiros século xvi" - alguém tem registro?
"fale um pouco do começo da vida do ator samuel jackos" - que específico.
"figuraçao de luxo em hollywood" - pô, se tu que buscou isso encontrar, conta aí.
"música famosa que tem palavra azul" - nossa!
"qual o significado da tatuagem da betty boop" - liberdade, fraternidade, igualdade.
"tudo sobre a vida da cantora monica naranjo" - e eu que jurei, pro Luis, que nunca ia escutar nenhuma música dela, me vem essa pessoa e chega no meu blog assim. Aff!

Há um tempo atrás, alguém digitou, na barra do Google "velho transando". Encontrou este blog. Espero que tenha encontrado o que estava procurando.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

panfletos.

E eu? Pra quem interessa, vou passar o reveillon em Paris. Depois de muito sonhar com suas ruas, sua torre e seu ar, esse ano passou com esta sendo "a" cidade. Aquele lugar que antes vinha na imaginação através de fotos, agora na minha cabeça as imagens vêm comigo andando de bicicleta pelo Marais, por Montmartre ou passando ao lado do Louvre. Eu já tenho história para contar de lá e isso sim me emociona.

Esse texto não é sobre a cidade luz, e sim, sobre a minha felicidade de poder ir para lá com um dinheiro a mais para poder gastar no fim de ano. E ele vem de um trabalho que estou fazendo, que estou me esforçando a estar somente para poder disfrutar melhor do que me há de vir no final de dezembro e começo de janeiro.

Estou entregando flyers pelas ruas de Madri para a sex shop de luxo da irmã de uma amiga. É uma loja super bonita, limpinha e com atendentes brasileiras divertidas. Um ambiente agradável.

O problema desse trabalho, para uma pessoa como eu, que gosta de produzir, é não tirar nada de criativo. Não exercito nada, somente levanto o braço e entrego um papel para cada pessoa que passa por mim. E muitas vezes, essa gente é bem escrota. Não pega o panfleto ou faz cara feia. Eu tento sorrir, ser simpático e fazer a pessoa aceitar, nem que ela jogue na lixeira mais próxima, mas as vezes não adianta. Há momentos que eu xingo, em português, para mim mesmo ou em outros, agradeço a atenção dispensada. "Oi? Há um ser humano aqui trabalhando, ele tem sentimentos, beijos".

Falta um mês para eu deixar esse ganha-pão, o mesmo tempo que me resta para ir à minha tão sonhada cidade de pessoas desse tipo, prepotentes e metidas, que passam por mim aqui e não pegam o que eu tenho para oferecer, mas pelo menos, eles são charmosos!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

escuridão.

Vendo essa galeria de fotos do UOL, me bateu uma vontade que eu sempre tive de criar um universo meu. São imagens de planetas que só existem na ficção.

Eu sempre quis ter uma saga criada por mim, cheia de personagens e mundos e lugares, uma coisa a la Star Wars ou mesmo Lost, que tem sua própria enciclopédia.

Talvez eu crie um outro corpo celeste, meio igual à Terra, pra eu morar com, somente, mais algumas pessoas. Eu gosto dessa idéia de ter um planeta todo meu, assim como no livro do Marcelo Rubens Paiva, "Blecaute", em que três estudantes ficam presos numa caverna e todos os seres humanos do mundo ficam estáticos e eles têm a cidade de São Paulo inteira pra eles. Assim como no recente filme "Eu Sou A Lenda", com o Will Smith.

Falando nisso, esses dias eu vi que o fim do mundo está próximo, então, o quanto antes eu quero ter o meu próprio, assim eu posso ir pra lá, antes de 2012.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

embate.

Eu tenho poucos problemas com o cinema, em geral. Eu gosto de tudo, desde cinema alternativo, cult, até o americano, não é segredo pra ninguém. Porém, uma das coisas que sou contra é adaptações literárias. Quando um filme foi roteirizado a partir de um livro. Quem leu, vai ver; mas quem viu não vai ler.

Eu digo isso, até por mim mesmo, afinal estou me deliciando com as letras de José Saramago em "Ensaio Sobre A Cegueira". E com certeza, se eu não estivesse lendo e visse o filme, depois, nada de passar os olhos por suas palavras. Afinal, toda a imaginação que eu poderia ter, já está impressa na tela.

As vezes, digo, há casos que realmente é melhor que esteja tudo filmado e mostrado à frente dos olhos, vide a trilogia "O Senhor dos Anéis", de Peter Jackson. Está claro que ler os livros é um porre e ver os filmes é divertido. Ou quando geram bons filmes, como "Onde os Fracos Não Têm Vez", dos Irmãos Coen.

Tudo bem, tudo bem, eu não sou contra, de verdade. Era só pra fazer polêmica. Mas acho que todo mundo deveria ler o livro antes de ver o filme, seja lá qual for. Assim, o mundo teria mais imaginação.