terça-feira, 27 de janeiro de 2009

querida.

Faz alguns dias que eu tenho uma dor de garganta e ela não passa. Talvez, seja o frio que chegou abrupto a Madri, ou então, o cigarro de enrolar que ficou forte demais, ou o fato de eu ter perdido meus dois cachecóis em Paris e ter desascostumado a andar na rua sem enrolar nada no pescoço.

Hoje, antes de deitar, eu fiz um chá, para esquentar a garganta e esperar que quando eu acorde, minha dor tenha passado. Peguei uma panelinha vermelha que tem aqui em casa, bonitinha e calejada, em que nela só cabe a dose de um copo, coloquei água para esquentar e fiquei ali, aguardando.

Enquanto eu colocava o saquinho de camomila e um pouco do mel, que cristalizou dentro do pote, na caneca, percebi que a pequena panela estava tremendo. Pela física o fenômeno seria explicado pela ebulicão da substância, mas para mim, naquele momento, era como se a panelinha queria mostrar que nervosa, ansiosa, cheia de dúvidas e literalmente, a ponto de explodir. Foi então que, com um instinto amigável, coloquei a mão no cabo de plástico e com esta, a abracei e fiz carinho. Quando soltei, a panelinha estava quietinha, calminha e feliz, com seu conteúdo fervendo e pronto para ser despejado no outro recipiente.

Bebi o chá, me aconcheguei na cama, coloquei o computador na barriga e escrevi essa histórinha, esperando que, depois de dormir, quando estiver sonhando, alguém faça um cafuné na minha cabeça pra me afastar desses nervos, essas ânsias, essas dúvidas e essa iminente explosão.

Um comentário:

Clark disse...

Nada como panelinhas vermelhas.

abraço.